terça-feira, 30 de junho de 2015

Por que jornalistas estão migrando para programas de entretenimento?

Em 1983 Sérgio Chapelin deixou a Globo para apresentar o “Show Sem Limites” no SBT. Mas depois voltou ao telejornalismo global. Agora a migração para o entretenimento não tem mais volta: tudo começou com Fausto Silva nos anos 80 e atualmente a tendência cresce com Fátima Bernardes, Pedro Bial, Patrícia Poeta, Britto Jr., Ana Paula Padrão, Zeca Camargo e o recente anúncio da saída definitiva de Tiago Leifert do jornalismo esportivo para um programa de entretenimento na TV Globo. Como explicar essa onda migratória? Maneira mais fácil de ganhar dinheiro com merchandising? Mas também pode representar o sintoma de um duplo fenômeno que assola um jornalismo terminal diante do crescimento das tecnologias de convergência: o infotenimento (informação + entretenimento) e o tautismo (tautologia + autismo).

Quando o colombiano Juan Carlos Osorio chegou ao Brasil para ser o novo técnico do São Paulo Futebol Clube, ao vivo o jornalista Tiago Leifert não se conteve : “vamos fazer uma matéria especial com Osorio, ele é um personagem!”, disse o apresentador do Globo Esporte, sobre um técnico com o seu curioso método de entregar bilhetes aos jogadores, escritos ora com caneta vermelha, ora com caneta azul... canetas que depois são enfiadas em cada meia.

Essa é uma pequena amostra do atual modus operandi do jornalismo baseado não mais em relatos de acontecimentos, mas que agora está em busca de casos e personagens como se editores e repórteres se assemelhassem a roteiristas ou produtores de cinema.


Veremos também como essa pequena amostra nos revela o porquê da tendência crescente de jornalistas migrarem para os programas de entretenimento.

              Leifert é o exemplo mais recente - anunciou que vive seus últimos dias no jornalismo esportivo para embarcar num programa de entretenimento nas manhãs de sábado, junto com Patrícia Poeta, a ex-companheira de William Bonner na bancada do Jornal Nacional. Fátima Bernardes, também egressa do telejornalismo global, completa três anos comandando outro programa de entretenimento nas manhãs. Sem deixar de lembrarmos de Pedro Bial, ex-correspondente internacional que passou a fazer crônicas ao vivo no reality show Big Brother e, nas horas vagas, escrever a biografia do próprio patrão.




E essa migração não se resume apenas à TV Globo: Britto Jr (ex-jornalista global) foi para a Record também para apresentar reality shows e programas femininos. Ana Paula Padrão (também ex-global) abandonou a bancada de telejornal para apresentar o reality-bullying gastronômico MasterChef na Band. Ou ainda o caso mais antigo de Fausto Silva que depois de largar o jornalismo esportivo, foi apresentar o Perdidos na Noite em 1985 na TV Gazeta e depois passou pela Record e Band. Hoje apresenta o Domingão do Faustão na Globo desde 1990.

Por que essa recorrência de jornalistas migrando para programas de entretenimento como um caminho sem volta? Forma fácil de ganhar dinheiro com a possibilidade de merchandising? Fugir das pressões inerentes a atual condição da grande mídia como principal oposição ao Governo Federal? Gosto por desafios? Fugir da obrigação de fazer perguntas impostas pelo Ali Kamel?

Jornalista como protagonista da “notícia”


Acreditamos que possa ser tudo isso, mas há alguma coisa na evolução da TV que cada vez mais facilita essa migração.

             Certa vez o dramaturgo Bertolt Brecht na sua obra Breve Organum para o Teatro denunciou o “deplorável hábito” do teatro burguês fazer com que o ator principal “estrele”, fazendo os outros atores servirem de “escadinha” para ele. Com o duplo fenômeno que assola o telejornalismo atual (o “infotenimento”- informação + entretenimento; e o tautismo – tautologia + autismo), as diferenças entre caso e acontecimento, ficção e notícia estão desaparecendo. Similarmente o que ocorre na indústria do entretenimento onde atores principais “estrelam”, no jornalismo as “notícias” engendram sua própria hierarquia.


Bertolt Brecht: o "deplorável hábito burguês da estrela"

A superioridade do apresentador está estruturada no próprio noticiário. Ele deixa de ser um mero apresentador para ser o protagonista da informação. Como as estrelas de uma produção teatral ou cinematográfica que transformam os coadjuvantes em escadas das suas performances, como denunciou Brecht, os jornalistas procuram casos e personagens que sirvam de apoio para uma espécie de informalidade autoconsciente que domina o telejornalismo.

O teleprompter (TP) e a centralidade da notícia em repórteres e apresentadores (o fim da locução em off e da estética documental) foi o início dessa intensa metalinguagem que domina o telejornalismo: no estúdio as mudanças de tom de voz, gestos, orquestração de sorrisos, delicados movimentos de sobrancelhas e ênfases transformam o jornalista em ator; e nas ruas o repórter transforma-se em diretor de cena, procurando transformar a notícia em caso e o cidadão comum em personagem, tentando encaixar os eventos a uma meta-narrativa já definido anteriormente nas redações.

As reuniões de pauta parecem cada vez mais se assemelhar à produção de scripts ou roteiros. Narrativas ficcionais em busca de personagens. É a consequência de dois sintomas: um da evolução do jornalismo (o infotenimento) e outro o sintoma da proximidade do fim do próprio jornalismo das grandes mídias com as tecnologias de convergência – o tautismo.

A auto-ilusão do tautismo


Em tempos de crise diante do rápido crescimento das tecnologias de convergências (dispositivos móveis e Internet) a grande mídia reage com uma espécie de negação ou auto-ilusão que chamamos de tautismo: o mal dos sistemas complexos que criam um “fechamento operacional” onde qualquer informação externa é traduzida por descrição que o sistema faz de si mesmo – aprofundamento sobre esse conceito clique aqui.

         Esse fenômeno começou com a hipertrofia das metalinguagens, a começar pela estruturação do jornalismo em torno de estrelas que tornam-se os protagonistas da informação. Tal como a estrela de Brecht, os personagens e os casos parecem trabalharem para eles. Tornam-se escada para os jornalistas, confirmando seus roteiros de forma tautológica.


Globo Esporte: metalinguagem com o próprio apresentador ocupa cada vez mais espaço
sobre a notícia

O caso do telejornal Globo Esporte era evidente: em certas edições, mais da metade da pauta girava em torno de apostas, pequenos desafios ou brincadeiras que o apresentador propunha a jogadores de futebol nos centros de treinamento ou nas suas próprias residências ao vivo ou em matérias gravadas.

Com isso, o mundo ao redor com seus acontecimentos tornam-se apenas “casos” que apenas ocorrem para serem televisionados, como ficou claro no tom da Retrospectiva Jornal Nacional 50 Anos de Jornalismo. A TV torna-se tão autista que, como todo e qualquer sistema, tenta manter o equilíbrio (homeostase), expurgando qualquer possibilidade de crise, como demonstrou a opinião do diretor-geral da Globo Carlos Schroder sobre os baixos índices da novela Babilônia: “algo na trama não funcionou” – clique aqui. Schroder não consegue perceber que a TV tal como conhecemos corre rápida para o fim.

Esse tautismo poderia estar na base da intensificação dessa corrente migratória de jornalistas para o entretenimento. Movimento autofágico assim como os processos catabólicos - sob condições extremas de fome, o corpo entra num processo de degradação e começa a consumir seu próprio tecido muscular. Seria essa a condição atual da grande mídia?


Semioticamente não existem mais diferenças entre "Vídeo Show" e "Jornal Nacional"

Infotenimento: o prazer da “notícia”


Mas também essa tendência migratória é uma decorrência natural da transformação do jornalismo em “infotenimento”. Se no passado o jornalismo dividia as notícias em hardnews (o mundo “duro” da política e economia) e os faits divers (notícias frias e diversas), agora uma preocupação se impõe: não importa se as notícias sejam boas ou más, se elas agridam ou não a sensibilidade ideológica ou individual – a experiência do noticiário deve ser sempre agradável, proporcionar o prazer do entretenimento. Vender a ideia de que os momentos dedicados à leitura ou assistir a um telejornal tenham valido a pena.

Por exemplo, assistir a um telejornal  atualmente equivale à mesma experiência de assistir a um programa como Vídeo Show: a produção de notícias parece ser um mundo de atividade lúdica, onde todos parecem se divertir e o trabalho se transforma sempre em brincadeira. A informalidade autoconsciente da bancada passa uma atmosfera de amável camaradagem e qualquer percalço técnico arranca uma tempestade de risos.

Agora os apresentadores caminham pelos estúdios, contracenam com chroma key e telões, sentam em cadeiras para entrevistas como estivessem numa sala de estar e tentam criar formas de interação com espectadores por meio de Twitter ou Waze. Chamam isso de “prestação de serviços, mas cada vez mais os telejornais se assemelham a revistas televisivas onde em um mesmo bloco podemos ir do riso ao choro, da indignação à emoção pelos “relatos de superação”.

Semioticamente não há mais diferenças entre as linguagens de um telejornal de hardnews, um programa metalinguístico como Vídeo Show ou uma revista televisiva como o Domingo Espetacular da Record.

Podemos chamar isso de processo catabólico da lenta agonia da grande mídia.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Edição francesa da "Marcha da família" acontece com 51 anos de atraso

Veja as imagens...

No último domingo 3 milhões de franceses saíram as ruas para protestar pelas 12 mortes por terrorismo, contra o jornal Charlie Hebdo, estarem acontecendo em seu território. Lideres mundiais, que fizeram seu próprio evento para não se misturar, se apertaram na frente para aparecer na foto. Quem matou mais teve destaque ao lado de figuras locais. Bush filho, que não compareceu fez sua caminhada sozinho em seu rancho, (local que chegou a oferecer para a marcha).
Acompanhe, abaixo, o destaque aos mais hipócritas.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Congresso uruguaio aprova Lei de Meios


Do blog de Renata Mielli

Depois de um ano e meio de discussões, nesta segunda-feira, (22/12) a Câmara dos Deputados do Uruguai aprovou a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual. Com o voto dos representantes da Frente Ampla, a lei será regulamentada pelo governo do presidente Tabaré Vázquez.
A nova lei prevê, entre vários outros pontos, a proibição do monopólio na radiodifusão, definindo que cada empresa pode ter, no máximo, seis concessões para prestar serviços de televisão. No caso de empresas que possuam concessões na cidade de Montevideo, este número se reduz para três. O intuito da Lei é evitar a concentração econômica e, também, permitir mais pluralidade e diversidade, para fortalecer a democracia no país.
Sobre o monopólio e as ameaças estrangeiras de controlar a radiodifusão no Uruguai, o presidente Pepe Mujica declarou na última semana "A pior ameaça que podemos ter é a vinda de alguém de fora, ou por baixo, ou por cima, e termine se apropriando... Para ser mais claro: eu não quero o Clarín ou a Globo sejam donas das comunicações no Uruguai".
A oposição, que representa os interesses dos conglomerados de radiodifusão, adotam o discurso dos atuais proprietários das concessões atacando a nova lei. O argumento é o mesmo utilizado em outros países: o de que a regulação é uma afronta a liberdade de expressão. O debate, realizado no parlamento Uruguaio foi tenso.
O deputado Carlos Varela defendeu a regulação e afirmou que com a nova lei, haverá transparência e participação social na discussão das concessões. "Neste se outorgavam meio de comunicação sem transparência, se convocavam jornalistas paa questionar as notícias”, afirmou Varela referindo-se à prática corrente promovida pela direita uruguaia. E durante os debates realizados durante a sessão que aprovou a lei lembrou que todas as convenções internacionais de direitos humanos colocam a regulação da comunicação como um dos indicadores de democracia nos países. E disse: “o controle remoto por si só não da liberdade se do outro lado não houver pluralidade”
Outros pontos que estão previstos na lei são a limitação de publicidade, definição da faixa horária diária entre 6 e 22 horas para a proteção da infância e adolescência, cota de 60% de conteúdo nacional a ser veiculado por todas as emissoras, cria um Conselho de Comunicação Audiovisual e um sistema de meios públicos para garantir a pluralidade.
Um aspecto que suscitou muita polêmica foi a criação do horário eleitoral gratuito, inexistente no Uruguai. Para veicular propaganda no rádio e na TV é preciso comprar o horário comercial. Isso, de acordo com os deputados da Frente Ampla é uma distorção, já que os partidos que não possuem recursos não têm como levar suas mensagens para a população.

Leia também: entrevista com Gabriel Mazzarovich, membro da Frente pela Democratização da Comunicação no Uruguai.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ZH colhe o lixo que plantou em post sobre Jean Wyllys

Em um belo dia, durante uma olhadela no face encontro uma postagem da Zero Hora (porque é bom saber o que a grande mídia aqui está noticiando...) com uma boa notícia: a de que Jean Wyllys apresentará "Cinema em Outras Cores" no Canal Brasil. Neste novo programa na grade do canal o deputado vai abordar especificamente filmes que abordam o mundo LGBT. Quem tiver coragem de ler a virulência dos comentários e comparar com a simplicidade da notícia vai entender a dimensão e a necessidade de um programa voltado para esse público. Calculando por cima cerca de 90% dos comentários usavam a palavra "lixo" para descrever o apresentador, pois alegam que o problema é ele enquanto político e não sua orientação sexual. Ora, sua principal bandeira é defender os LGBTs e seu programa é sobre o mesmo assunto, mas o problema não é o fato de ser e defender os gays, em um programa de um canal pouco assistido? Conseguem mesmo fazer essa mágica separação entre o ocupante de um cargo político e sua bandeira política? E ainda usando uma palavra tão pobre como "lixo". Lixo é o pensamento pobre do leitor da Zero Hora, do qual ela é cúmplice!
Adaptando a frase de Pulitzer, Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão lixo como ela mesma.
Todo sucesso ao programa de Jean Wyllys!!!

domingo, 9 de novembro de 2014

Imagens da 60ª Feira COM Livros de POA

do Blog epocavital
Hoje a maioria dos melhores espaços “estratégicos” na Praça da Alfândega estão tomados por estandes institucionais de alto luxo, chiquérrimas pagos com dinheiro público tirando os espaços que "seriam" das estantes tradicionais deste espaço, …Empresas de Mídia privadas e Públicas, Executivos e Legislativos Municipais, Estaduais, Federais, Judiciário, Ministério público Estadual e federal,… NB; esta “mistura” de Entidades e Instâncias que Não São Pertinentes ao Evento está desqualificando nossa feira do livro que este ano completa 60 anos.

P.S. do Davenir: infelizmente isso não é de hoje, mas este ano a organização se puxou na propaganda indesejada. Propagandas estas que nem sequer divertem ou são minimamente interessantes. Com muito esforço podemos considerar aquele estande do Zaffari com o quarteto de cordas que toca as mesmas músicas clássicas de suas peças publicitárias como se fossem suas. Já não é mais uma feira do livro, mas uma feira com livros. As imagens abaixo dão uma dimensão deste estrago publicitário.












 







Fotos 07 de Novembro de 2014. (Autoria; eduino de mattos)
Eduíno de Mattos
Fonte: epocavital

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Marco regulatório: a gota d’água

Conhecidos os resultados eleitorais, espera-se que, no seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff enfrente a questão inadiável de um marco regulatório democrático para o setor de comunicações ou “da regulação econômica do setor” como ela mesma tem dito.
O grand finale do processo de construção de uma “linguagem do ódio” e da partidarização da cobertura jornalística – que vinha progressivamente se radicalizando ao longo de toda a campanha – confirmou os graves riscos para o processo eleitoral e, sobretudo, para a própria democracia, de um mercado oligopolizado que favorece a ação desmesurada e articulada de grupos privados de mídia na defesa de interesses inconfessáveis.
Refiro-me, por óbvio, à edição 2397 da revista Veja, do Grupo Abril, à sua circulação antecipada, à sua planejada repercussão em outros meios de comunicação e à sua utilização (capa reproduzida e distribuída como panfleto) no esforço derradeiro de cabos eleitorais do candidato Aécio Neves.
Liberdade de expressão?
A edição 2397, que não foge ao padrão rotineiro praticado pela Veja, abandona princípios elementares do que possa ser chamado de jornalismo, nos termos definidos historicamente pela própria indústria de comunicações.
Um bom exemplo poderia ser “a teoria da responsabilidade social da imprensa”, consagrada pela Hutchins Commission (Estados Unidos, 1947): “Propiciar relatos fiéis e exatos, separando notícias (reportagens objetivas) das opiniões (que deveriam ser restritas às páginas de opinião) e servir como fórum para intercâmbio de comentários e críticas, dando espaço para que pontos de vista contrários sejam publicados” (ver aqui).
Aparentemente Veja não se preocupa mais com sua credibilidade como produtora de notícias e cultiva de forma calculada um tipo de leitor cujas opiniões ela expressa e confirma. De qualquer maneira, em momentos críticos de um processo eleitoral seu poder de fazer circular “informações” no espaço público é inquestionavelmente ampliado por sua cumplicidade de interesses com outros oligopólios da grande mídia.
Acrescente-se que Veja sempre se ampara legalmente em artimanhas jurídicas de profissionais da advocacia e, muitas vezes, em decisões do próprio Poder Judiciário que tudo permite em nome da liberdade de expressão equacionada, sem mais, com a liberdade da imprensa.
Não foi o que aconteceu dessa vez.
A resposta do TSE
Ações judiciais impetradas pelo PT no TSE tentando diminuir as consequências daquilo que a candidata/presidente Dilma chamou de “terrorismo eleitoral” foram objeto de decisões imediatas e impediram que as consequências fossem ainda mais danosas – embora não houvesse mais tempo para “apagar” insinuações e denúncias publicadas sem qualquer comprovação às vésperas das eleições.
As decisões do TSE, claro, foram rotuladas de “censura” pelo Grupo Abril e unanimemente pelas entidades que representam os oligopólios de mídia – ANJ, Abert e Aner – assim como pelo candidato Aécio Neves, diretamente beneficiado.
De qualquer maneira, a reação pública imediata da candidata/presidente Dilma no horário gratuito de propaganda eleitoral e as decisões do TSE reacendem a esperança de que a regulação democrática do setor de comunicações receba a prioridade que merece no próximo governo.
Talvez a edição 2397 de Veja tenha involuntariamente sido a esperada gota d’água que faltava para que finalmente se regulamente e se cumpram as normas da Constituição de 1988 relativas à comunicação social – que, aliás, aguardam por isso há mais de um quarto de século.
Em especial, urge ser regulamentado e cumprido o parágrafo 5º do artigo 220 que reza: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.
A ver.
Venício A. Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e organizador/autor com Juarez Guimarães e Ana Paola Amorim de Em defesa de uma opinião pública democrática – conceitos, entraves e desafios (Paulus, 2014), entre outros livros.
Tirado do Viomundo

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Enquanto a Escola Porto Alegre é fechada Zero Hora se preocupa com custo de placa para a Av. Legalidade

A falência do jornalismo não é visível apenas nas grandes cartadas panfletárias como a da Revista Veja as portas das eleições. Notícias aparentemente inocentes e triviais buscam os mesmos efeitos. A condução de opinião e a ocultação de coisas desagradáveis em relação aos seus interesses. Muito destaque tem sido dado aos resultados das recentes eleições onde a política é discutida no seu âmbito nacional, e em menor escala estadual. Enquanto isso a política municipal fica numa posição bem confortável e o jornalismo rasteiro da Zero Hora cumpre seu papel. 
Sua inconformidade com a troca do nome da Av. Castelo branco para Legalidade se traduz na noticia publicada hoje em seu portal, onde lemos: "Novas placas da Avenida da Legalidade custarão R$ 2,3 mil". A notícia enfatiza apenas o lado negativo da troca de nome. Uma descrição seca dos nomes envolvidos na troca de nome, esvazia a necessidade de de valorizar a democracia em contraponto a ditadura que o Brasil viveu entre 1964-89. Toda esta dificuldade e resistência da direita e de sua mídia, inclusive após a decisão da câmara municipal, mostra o quanto esta democracia precisa ser valorizada e ao mesmo tempo conquistada e ampliada. 
A notícia da ZH mostra em que posição ela está neste processo. Nos comentários do Facebook os leitores espumantes reclamam que este dinheiro poderia ir para a áreas como a Educação, porém não vamos encontrar esta indignação dos leitores em relação ao fechamento arbitrário fechamento da Escola Porto Alegre pela prefeitura municipal de Fortunati, porque a Zero Hora não se deu o trabalho de cobrir.
Nota: Qualquer noticia da ZH linkadas neste blog estão encurtadas através do naofo.de